terça-feira, 2 de julho de 2013

Projeto pretende fazer jovem brasileiro paraplégico dar o pontapé inicial da Copa de 2014

Cientistas de várias partes do mundo estão trabalhando para que o pontapé inicial do jogo de abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 seja dado por um jovem brasileiro com paralisia. A ideia pode soar impossível, mas, segundo o neurocientista Miguel Nicolélis, que está à frente do projeto batizado “Andar de Novo”, o resultado da pesquisa única no mundo, dará movimento a pessoas que sofreram lesões ou doenças neuromotoras.
Em entrevista concedida no Centro Aberto de Mídia (CAM), na tarde deste sábado (30.06), o neurocientista brasileiro explicou que isso será possível com a utilização de um exoesqueleto (uma espécie de roupa mecânica), controlado por estímulos cerebrais para integrar cérebro-máquina no uso clínico em reabilitação motora, por meio de neuropróteses. O trabalho atualmente envolve 170 pesquisadores de diversos países.
“Nossa ambição é que cadeiras de roda se tornem objetos de museu. Não podemos desprezar que também existem imponderáveis na ciência, mas nossa pesquisa está adiantada e temos confiança de que em breve poderemos devolver os movimentos para pessoas com problemas neuromotores”, disse Nicolélis.
Para o cientista, a Copa será uma oportunidade de mostrar ao mundo outro importante aspecto do País. “A imagem da ciência brasileira ganhou proeminência internacionalmente nos últimos anos. Alcançar essa meta, na partida inaugural da Copa, mostra que nos preocupamos com a ciência como instrumento de inclusão”, afirmou.
As pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto vêm sendo desenvolvidas com a participação de diversas áreas como a neurociência, robótica, engenharia eletrônica, reabilitação motora e ciência da computação. No Brasil, o projeto “Andar de Novo” recebe o apoio da Agência Brasileira de Inovação (Finep), ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de financiamentos do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte, idealizado por Nicolélis.
Exoesqueleto
Os testes desenvolvidos e documentados com animais demonstraram que a atividade elétrica cerebral pode ser codificada e depois decodificada para comandar o movimento de aparelhos, no caso o exoesqueleto. “Trata-se agora de ajustes entre a decodificação da atividade elétrica cerebral e aspectos da coordenação motora, de forma que a utilização do aparelho funcione com eficiência”, explicou o neurocientista.
O trabalho passará a se concentrar no Brasil com a chegada de aparelhos, intercâmbio de profissionais, interação com o sistema e acompanhamento fisioterapêutico para as pessoas que irão testar as próteses dos exoesqueletos. “A experiência com a interligação cérebromáquina sugere que o cérebro passe a incorporar o aparelho como parte do corpo, assim como um bom tenista sente a raquete como extensão de seu braço”, finalizou.
O Prof. Dr. Miguel Nicolélis é premiado e reconhecido por seu trabalho com a neurociência. É professor titular de Neurobiologia e Co-Diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University – EUA, há mais de 20 anos, além de fundador e Coordenador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), em Macaíba, Rio Grande do Norte. O cientista passa a maior parte do ano nos Estados Unidos. Quando está no Brasil, fica entre São Paulo e Natal, onde coordena o Instituto de Neurociências.

Fonte: Secom

O cientista Miguel Nicolelis (à direita) observa macaco caminhando em esteira durante experimento (Foto: Reprodução/TV Globo)
O aparelho que o neurocientista Miguel Nicolelis pretende usar para que um paraplégico dê o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014 começará a ser testado em humanos já em junho. A informação foi confirmada pelo pesquisador brasileiro nesta terça-feira (21) durante uma palestra na sede da Finep, no Rio de Janeiro.
“Pretendemos começar os testes com o exoesqueleto já em junho”, afirmou o pesquisador durante o evento, citado pelo site da Finep. A empresa pública é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e serve como uma ferramenta de financiamento às pesquisas nacionais.
O projeto de Nicolelis, chamado Andar de Novo, conta com cerca de R$ 33 milhões de investimentos da Finep, aplicados no Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra, no Rio Grande do Norte. O brasileiro também é vinculado à Universidade Duke, nos Estados Unidos.
O exoesqueleto é um aparelho que envolve os membros paralisados – no caso de um paraplégico, as pernas. Ele pode ser conectado diretamente ao cérebro do paciente, que então controlaria o equipamento como se fosse parte de seu próprio corpo. Dessa forma, seria perfeitamente possível que um paraplégico chutasse uma bola, como sonha Nicolelis.
A técnica faz parte de uma linha de pesquisa conhecida como interface cérebro-máquina, com a qual Nicolelis já obteve resultados internacionalmente relevantes. Em um dos mais importantes, fez com que macacos não só controlassem uma mão virtual, como também que sentissem uma espécie de tato quando exerciam a atividade.
Testes em animais já mostraram que o cérebro é capaz de fazer movimentar máquinas como o exoesqueleto. Em uma experiência, a equipe de Nicolelis conseguiu fazer uma macaca movimentar um robô semelhante a ela mesma – sendo que ela estava nos EUA e o robô no Japão.
A distância de diferentes continentes também apareceu no mais recente trabalho de impacto da equipe. Os sinais cerebrais de dois roedores – um nos EUA e outro no Brasil – foram conectados e eles puderam executar tarefas em conjunto.

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